segunda-feira, 9 de março de 2009

Nova terapêutica da hepatite B crónica aprovada em Portugal

O Infarmed aprovou a introdução de uma nova terapêutica no mercado hospitalar de medicamentos do Sistema Nacional de Saúde (SNS) para o tratamento da Hepatite B crónica, a 27 de Fevereiro.
Nova terapêutica da hepatite B crónica aprovada em Portugal:: 2009-03-06 Por Marlene Moura
Novo medicamento permite controlar vírus
O Infarmed aprovou a introdução de uma nova terapêutica no mercado hospitalar de medicamentos do Sistema Nacional de Saúde (SNS) para o tratamento da Hepatite B crónica, a 27 de Fevereiro. O Viread (medicamento) é recomendado pelas mais recentes orientações terapêuticas da comunidade científica europeia e considerado como preferencial de doentes que apresentem falência a outros tratamentos prévios por resistência a outros fármacos, para além de ser mais barato.
Segundo fonte da Gilead Sciences – companhia biofarmacêutica que desenvolve e comercializa, terapêuticas inovadoras – “este tratamento por via oral permite que o vírus se mantenha inactivo e/ou controlado e é administrado em pessoas que estejam infectadas há já algum tempo”.
Segundo a avaliação feita pelos responsáveis, este novo tratamento comprovou ser de valor terapêutico acrescentado, pois “até à data ainda não foram encontradas resistências a este novo fármaco e representa ainda uma significativa poupança para o Estado”, acrescentou a Gilead Sciences.
O Viread é 25 por cento mais barato do que o medicamento concorrente, inicialmente utilizado – o que representa “uma poupança anual de 1500 euros por doente”, concluiu a fonte daquela companhia biofarmacêutica. Indicado para HIV/SIDA Este é o primeiro fármaco para o tratamento da Hepatite B crónica, aprovado pelo Infarmed ao abrigo do DL n.º 195/2006, de 3 de Outubro, para efeitos de financiamento. O medicamento agora indicado para o tratamento desta doença, está aprovado em Portugal para o HIV/SIDA desde 2002.
Presentemente a substância activa deste medicamento é utilizada para essa indicação em todos os hospitais e serviços onde é tratada a infecção pelo VIH/SIDA, sendo administrada a oito mil doentes em Portugal.
O Viread está indicado para tratamento de hepatite B crónica, em adultos com doença hepática compensadas com evidência de replicação viral activa e histológica de inflamação activa e/ou fibrose”, pode ler-se no relatório do Infarmed.

Investigadores portugueses descobrem mecanismo de «reeducação» de células do sistema imunitário

Investigadores portugueses descobriram como identificar e controlar células imunitárias (linfócitos T) para as fazer actuar contra infecções e não para promoverem doenças auto-imunes, num estudo que poderá ter importantes aplicações terapêuticas.
"Descobrimos uma maneira de diferenciar duas populações de linfócitos T que produzem factores com actividades biológicas distintas", disse à Agência Lusa o responsável pela equipa de investigação, Bruno Silva-Santos.
Enquanto um dos factores produzidos por estas células, o Interferão-gama, é importante no combate a vírus e a tumores, o outro, a interleucina-17, apesar de igualmente envolvido na resposta às infecções, tem efeitos maléficos e está na base de doenças inflamatórias e auto-imunes, como a diabetes ou a esclerose múltipla.
Segundo explicou o director da Unidade de Imunologia Molecular do IMM, o que distingue estas duas populações é um receptor, designado CD27, que está na superfície das células e lhes transmite sinais que recebe do exterior. "Nós conseguimos manipular este receptor de forma a controlar a geração das duas populações de linfócitos T", afirmou, sublinhando que "este conhecimento poderá ter importantes aplicações terapêuticas", dadas as funções distintas das duas populações de células.
"O processo que identificámos funciona como uma reeducação das células T dos ratinhos e abre perspectivas na imunoterapia de doenças inflamatórias e auto-imunes", assinalou. Apesar deste trabalho ter sido realizado em modelos de experimentação animal, Bruno Silva-Santos garante dispor de evidências preliminares da conservação destes fenómenos nos seres humanos. Nesse sentido, referiu que a investigação futura da sua equipa "irá analisar o potencial de aplicação destes conhecimentos em células humanas".
O estudo contou com a colaboração do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), ao qual esta equipa do IMM está associada, bem como de investigadores estrangeiros nos Estados Unidos, Holanda e Reino Unido.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Possível manipulação genética terá aumentado número de gémeos

Um livro lançado em Janeiro cujo autor afirma que o médico nazi Josef Mengele provocou um aumento do nascimento de gémeos em Cândido Godói, no Brasil, está a revoltar a população local. No livro «O Anjo da Morte na América do Sul», o jornalista argentino Jorge Camarasa afirma que a quantidade de gémeos na cidade gaúcha começou a aumentar após 1963, depois da suposta passagem do médico alemão pela região. A população de Cândido de Godói, concelho com mais de 90 por cento de descendentes de alemães, situado no Estado do Rio Grande do Sul, junto à fronteira com a Argentina, está revoltada com a hipótese de manipulação genética levantada pelo jornalista. Josef Mengele ficou conhecido pelas suas experiências médicas aterradoras em prisioneiros dos campos de concentração nazis (no complexo Auschwitz-Birkenau) durante a Segunda Guerra Mundial, inclusive com gémeos. O município de Cândido Godói ganhou destaque na imprensa nos anos de 1990, quando geneticistas de Porto Alegre comprovaram que a taxa de nascimentos de gémeos na região era muito acima da média do resto do país. Na época, não houve uma resposta definitiva da Ciência sobre os casos dos nascimentos dos gémeos em Cândido Godói e arredores.

Agora, o concelho, conhecido como "Terra dos Gémeos", volta à ribalta com o livro de Jorge Camarasa, que sugere a existência de experiências genéticas de Mengele na região. O jornalista argentino visitou o concelho durante a preparação do livro e garante que conversou com pessoas que afirmam ter conhecido Josef Mengele.

O autarca do município gaúcho, Valdi Goldschmidt, alega que esta suposta ligação é "pejorativa", já que a população local é maioritariamente de origem alemã, o que pode denotar um certo preconceito. Geneticistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) afirmam que, em 1960, a tecnologia disponível não era capaz de fazer inseminação artificial em humanos. Segundo especialistas do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, a causa provável destes inúmeros nascimentos está na facilidade das famílias locais de terem gestações de sucesso. Há vários anos que existem rumores sobre as experiências do médico nazi na região entre Brasil, Paraguai e Argentina, mas nunca foi comprovada oficialmente qualquer iniciativa deste género. O livro de Jorge Camarasa descreve a fuga de Mengele para a Argentina nos anos 1950, as suas ligações com o presidente argentino Juan Perón e a sua estada em alguns países da América do Sul. Conhecido como o "Anjo da Morte", Mengele também viveu no Paraguai e no Brasil, onde morreu em 1979, no município de Bertioga, litoral paulista.